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Painel Conectando Governança e Sociedade

Entenda os principais temas abordados no painel da Semana Internacional de Resiliência e Sustentabilidade em Cidades que reuniu pesquisadores da Itália e Londres







A adaptação das cidades às mudanças climáticas é um dos grandes desafios contemporâneos. Este foi o tema debatido no dia 10 de março, pelos pesquisadores da Universidade de Siena, Sr. Simone Bastianoni e Dr. Federico Pulselli e da Universidade de Westminster, Dr. Giulio Verdini e Dra Luz Navarro e da WFP, a Dra. Ariana Francioni.


Segundo os palestrantes, os governos locais e regionais enfrentam barreiras significativas, como a escassez de recursos e a falta de capacidade técnica para responder com a urgência necessária. A ausência de uma legislação clara e de um planejamento estratégico pode resultar em abordagens fragmentadas, tornando algumas cidades mais preparadas do que outras para lidar com eventos climáticos extremos. Esse cenário é agravado pelas políticas de austeridade da última década, que reduziram investimentos em infraestrutura e serviços essenciais.


Nos últimos anos, a diminuição da habitação pública nas cidades comprometeu a resiliência urbana, aumentando a vulnerabilidade das populações de baixa renda. O presidente da Câmara de diversas cidades tem reforçado a necessidade de colaboração entre autoridades locais, setor privado e sociedade civil para definir uma visão estratégica até 2030 e além. Entretanto, obstáculos estruturais dificultam essa implementação.


A falta de protocolos e iniciativas colaborativas prejudica a abordagem integrada necessária para fortalecer a resiliência urbana. A redução de conferências, intercâmbios de conhecimento e encontros internacionais compromete a formulação de soluções eficazes. Assim, a mitigação dos impactos climáticos depende de uma ação coordenada entre governos e setores econômicos.


Resiliência Evolutiva: Um Novo Conceito para a Adaptação


Conforme os palestrantes, o conceito fundamental para guiar a adaptação das cidades é o de resiliência evolutiva. Diferente da ideia tradicional de resiliência, que busca restaurar sistemas a seu estado original após um choque, a resiliência evolutiva propõe que as cidades se transformem e se adaptem de maneira contínua. Essa abordagem se baseia em redes comunitárias, estruturas sociais tradicionais e inovação tecnológica para tornar os sistemas urbanos mais flexíveis e preparados para futuros desafios.


Para garantir essa resiliência, é essencial que as cidades desenvolvam capacidade social, preparando a população para enfrentar distúrbios e tornando as infraestruturas mais robustas. Além disso, é necessário avançar para modelos de governança que incentivem trajetórias sustentáveis no transporte, habitação e planejamento urbano.


Outro aspecto frequentemente negligenciado é a chamada dimensão perdida, que trata dos impactos não econômicos das mudanças climáticas. Enquanto danos materiais e perdas financeiras podem ser quantificados, fatores como biodiversidade, patrimônio cultural, coesão social e conhecimentos indígenas são difíceis de mensurar, mas fundamentais para a identidade das comunidades afetadas. O debate global sobre justiça climática destaca a necessidade de compensações econômicas justas para países e populações mais vulneráveis, como demonstrado na conferência de 2017 no Egito.


Iniciativas para Fortalecer a Resiliência Comunitária


Diante desse cenário, diversas iniciativas buscam fortalecer a resiliência das cidades e comunidades. Um exemplo é o projeto promovido pelo Programa Alimentar Mundial, financiado pela Comunidade Europeia, que atua na África Oriental em países como Madagascar, Moçambique, Zimbábue e Malawi. Desde 2021, essa iniciativa tem desenvolvido metodologias para coordenação entre diferentes níveis de governo e análise da vulnerabilidade urbana.


Com uma abordagem multissetorial e interdisciplinar, o projeto fortalece a governança local e promove a participação comunitária, combinando análises quantitativas e qualitativas. A avaliação da vulnerabilidade é baseada em critérios sociais, econômicos e espaciais, permitindo a criação de programas antecipatórios, como transferências de dinheiro para famílias em situação de risco.


A segunda fase do projeto está estruturada em quatro pilares principais:

  1. Protocolos de prontidão: Desenvolvimento de diretrizes e capacitação das autoridades locais.

  2. Análise de risco: Identificação das áreas mais vulneráveis e a probabilidade de ocorrência de desastres urbanos.

  3. Harmonização de programas de transferência de dinheiro: Alinhamento de iniciativas assistenciais para maior eficácia.

  4. Compartilhamento de conhecimento: Intercâmbio de experiências entre países para aprimorar práticas de resiliência.


O projeto também tem influenciado políticas públicas nacionais. No Lesoto, foram estabelecidos procedimentos legais para resposta a emergências urbanas. No Zimbábue, estratégias de redução de riscos de desastres foram fortalecidas, enquanto campanhas de conscientização foram ampliadas em diversos países.


O Papel das Empresas e da Sociedade na Construção da Resiliência


A construção de cidades resilientes não depende apenas dos governos. Empresas e comunidades também têm um papel fundamental nesse processo. As empresas devem buscar adaptar seus modelos de negócios à nova realidade climática, garantindo que suas operações sejam sustentáveis e alinhadas às demandas sociais e ambientais.


Já as comunidades precisam ser protagonistas do processo de adaptação, participando ativamente do mapeamento de vulnerabilidades e do desenvolvimento de soluções locais. O engajamento da sociedade civil é essencial para fortalecer a coesão social e garantir que as respostas às mudanças climáticas sejam eficazes e inclusivas.


A resiliência urbana exige inovação, colaboração e um compromisso contínuo com a construção de cidades mais preparadas para o futuro. Governos, setor privado e cidadãos devem trabalhar juntos para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e criar um ambiente urbano mais sustentável e adaptável.


















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